O homem nasce sem a percepção de um “eu”. É no seu crescimento que lhe é mostrado os seus pais, o seu corpo, os seus brinquedos e o seu ambiente. As sensações e as emoções são descodificadas. A cada estímulo é dada uma referência e é a partir daí que a vida adulta é conduzida. Será que os estímulos fisiológicos são interpretados correctamente? Quando o corpo envia a informação que precisa de descansar, o que faz o ser humano? Trabalha mais, bebe mais café…. A informação que chega é precisa mas a maioria dos indivíduos foge ou agride sem olhar para dentro. Há também momentos em que a verdadeira necessidade do corpo é substituída por outra, talvez mais aceite pela sociedade. O exemplo das pessoas que comem e bebem demais para preencherem uma lacuna afectiva. Felizmente ninguém morre imediatamente por comer e beber demais mas a verdadeira raíz do problema continua por resolver. Os indivíduos estão a fazer o melhor que sabem, não podem fazer diferente, ou podem? Sim podem, mas não é por lerem textos como este, mas sim quando estiverem preparados para isso. O tempo chegará.
Quando as pessoas são adultos começam a resignificar tudo e nesse processo esquecem-se que são pessoas, apenas pessoas. Os teus pais são pessoas. As amigas e amigos são pessoas. A família é constituída por pessoas. Os governantes são pessoas. O homem e a mulher são pessoas como tu e eu. Deixamos que a influência de sentimentos e julgamentos tornem os outros em algo diferente da nossa essência, algo inferior que nos permite subjuga-los para que não vejamos aquilo que somos: pessoas. Ver os outros como aquilo que são é uma forma de aceitar a nossa própria existência com toda a dualidade que reside dentro de nós mas que não a permitimos no outro. Quando libertamos o outro, nós próprios estamos livres. É aí que se vive uma vida feliz e próspera em harmonia com a pessoa que somos. Um outono feliz.
Um abraço, Rui Sousa