O dia do bolinho traz-me boas recordações de partilha na visita aos meus vizinhos, mesmo que isso implique lembrar-me da morte. Este tema esteve presente nos últimos 3 meses porque escrevi sobre as minhas 7 experiências de quase morte, desde que nasci até ao momento presente. Nesse sentido tenho-me deslocado até á gráfica para a revisão da obra e deve dizer que a viagem é espantosa: ver a Serra de Aire, os vales e as pessoas na apanha da azeitona – é como se estivesse a participar num filme em tempo real: a vida!
Na semana passada entendi de forma prática como funciona o meu sistema límbico porque tive um atrito com uma pessoa através de um comentário que proferi. Na altura pareceu-me correcto fazê-lo mas á distância compreendo que tenha sido sentido como um “ataque”. Em verdade eu tinha a sensação de que aquela pessoa poderia ter feito diferente e deixei-me levar pela ilusão de que o meu comentário iria alterar algo. Esta acção só desencadeou mais sofrimento para ambos. Nos dois dias seguintes continuei assoberbado pelos pensamentos repetitivos de “ataque”. Utilizei estratégias para apaziguar esses pensamentos, como ver a outrora criança no outro e palavras de perdão e compaixão.
No terceiro dia pude ver com bastante clareza o sistema automático que se repetia dentro de mim: o sistema límbico – que para me proteger envia mensagens para lutar ou fugir. Tornou-se portanto bastante evidente que nenhuma das opções sugeridas pelos pensamentos era adequada porque tinham como ponto de partida uma visão que separa. Também percebi que o meu comentário pode criar a sensação no outro de que não é bom o suficiente e isso ser o gatilho para uma ferida emocional. Isto lembra-me um grupo de ciclistas que passou por mim á dias e um deles comentou que eu devia usar capacete como eles. Na altura senti-me desconfortável porque normalmente sou cuidadoso com a segurança mas nos momentos seguintes tive pensamentos de defesa. Ter a oportunidade de discernir o que se passa dentro de mim e tomar acções descentradas com o sistema límbico permite-me ter uma vida saudável. Todos somos um. Tem um fim-de-semana feliz.
Um abraço, Rui Sousa
